6 de junho de 2017
Desde a minha mudança para os Estados Unidos venho aplicando o minimalismo no meu dia a dia e adotando um estilo mais simples de viver. Esse processo começou com a mudança primeiro porque tinhamos uma limitação de coisas que poderíamos trazer para a nova casa, o que eu encarei como uma oportunidade de começar do zero. Eu adoro essa sensação de fresh start. Antes de me mudar doei e vendi várias coisas, o que foi bem bacana também. Os objetos possuem uma certa energia que na minha visão, precisa circular. Muitas vezes guardamos dentro de nossos armários coisas que nos prendem a situações que não queremos viver mais. Deixar as coisas irem é uma atitude necessária, que abre espaço em nossa vida para novas experiências. Nos últimos dois anos sinto que várias coisas foram mudando na minha rotina, fui ganhando mais tempo, sentindo que no meu dia cabiam mais coisas e que estava vivendo com mais direcionamento. Claramente isso é fruto da escolha de viver me cercando apenas do essencial.
Acho bacana esclarecer que o minimalismo pode ser diferente para cada um, porque somos pessoas diferentes mesmo. Existe sim o minimalismo que é o seu número, que vai corresponder ao que é suficiente pra você. Outro dia desses, em meio as minhas leituras me deparei com a seguinte constatação: o contrário de escassez não é abundância. O contrário de escassez pode ser apenas o suficiente. E o que é suficiente? Uma questão que cada pessoa precisa se perguntar quando está em busca de uma vida com menos coisas e mais significado. Uma boa dica para se aprofundar nesse tema é o documentário do The Minimalists no Netflix.
As 10 lições que aprendi adotando um estilo de vida minimalista
Esse papo todo é pra dizer que já tem tempo que venho praticando viver com o suficiente. E especialmente, venho buscando o minimalismo no meu armário. Eu já fui muito consumista mesmo. Já tive cartão C&A, Marisa, Renner, Riachuelo, tudo ao mesmo tempo agora, junto com o cartão MasterCard para todas as outras coisas. Já tive um guarda roupa cheio e me vi na frente dele por vezes dizendo socorro, não tenho nada pra vestir! É terrível. Bem frustrante mesmo.
Pior ainda é quando as roupas não refletem o que você gostaria ou não te representam. Já aconteceu com você? Pois comigo, zilhares de vezes! Já me senti tão inadequada com minhas camisetas engraçadinhas por aí…
A roupa precisa servir a um propósito!
Eu me apaixonei pela ideia do armário cápsula desde o primeiro momento que conheci. Um tipo de guarda roupa versátil, com poucas peças, onde você pode combinar tudo com tudo, sem parecer que está usando a mesma coisa e sempre com uma super personalidade!
Quando fui procurar as referências no Pinterest até pareceu fácil. Que ilusão. Comecei a coletar referências e mais referências de coisas para o meu armário cápsula até que me vi em uma pilha de imagens sem saber nem por onde começar a escolher. Pior ainda: as coisas que eu havia selecionado não conversavam com o meu guarda roupa atual, me causando uma imensa confusão mental.
Para lidar com isso, a alternativa que achei foi simplesmente observar a forma como o meu guarda roupa funcionava por um tempo. Durante meses não comprei peças novas. Só observei como o que eu tinha já funcionava no dia a dia. Removi mais peças do meu guarda roupa e percebi que estava paralisada e não sabia como fazê-lo funcionar a ponto de chegar na versatilidade que eu buscava. Eu estava cansada de coletar referências e não ver aquilo funcionando na prática. Era uma acumuladora certificada de looks no Pinterest! Estava insatisfeita com o estilo das peças que eu tinha, achando que muitas não refletiam minha personalidade e estava me sentindo insegura de usar as peças que eu tinha em determinados ambientes por não saber como combiná-las. A essa altura, não queria gastar meu dinheiro em compras erradas e estava determinada a ter um armário cápsula para chamar de meu. Foi quando eu resolvi pedir ajuda e chamei uma consultora de imagem e estilo para trabalhar comigo nesse projeto, a Vivi Cardinali.
A primeira coisa que descobri no processo de consultoria, foi que o meu estilo é minimalista. Eu gosto de coisas com bom corte, bom tecido, meio monocromático, com informações mais pontuais. Minimal minimal. Sempre foi assim. Eu gostava de chamar de básico, mas Vivi me sinalizou que é minimalista e eu confesso que achei bem mais legal definir assim. Rs
É importante dizer no entanto, que mesmo quem não tem um estilo de se vestir minimalista, pode ter um armário cápsula. A ideia do armário não é ter roupas com cortes minimalistas, mas sim uma combinação de peças que possam refletir o seu propósito de maneira prática, onde tudo possa combinar entre si.
Para mim, um guarda-roupa cápsula representa mais tempo e energia para o que realmente importa (menos tempo gasto decidindo o que vestir / menos tempo gasto com compras, que acontecem em momentos pontuais e totalmente planejadas / menos cuidando de roupas) mais dinheiro para os meus sonhos + ajudar os outros). E menos dinheiro gasto em roupas que nunca seriam usadas de qualquer forma e mais contentamento e felicidade.
– Vivi Cardinali
O armário cápsula guarda em torno de 30 a 45 peças, mas eu preferi no meu processo não me ater a números. Atualmente tenho cerca de 55 peças no meu armário entre sapatos e roupas, que incluem meus propósitos de trabalho, lazer, saídas casuais e roupas de esporte.
Com um armário destralhado e sobrando apenas o que eu usava de verdade (depois descobri que tinha mais coisa pra sair!), eu pude começar o processo de consultoria de uma maneira bem focada. A Vivi fez comigo um estudo de cor para descobrir o que combina comigo. Sou inverno escuro. Depois fomos às lojas e experimentei uma série de peças para compor meu armário. Acabei investindo sim em algumas peças mais caras e resistentes, que vão aguentar muitos anos no meu armário, com certeza. E claro, essas peças combinam com tudo que eu tenho.
Logo depois das compras que complementaram meu guarda roupa, eu pude montar os looks para ir validando as combinações do meu armário cápsula. A Vivi me ajudou a achar diversas variações para as minhas peças. Separei uma tarde inteira para fotografar os looks e coloquei tudo no Evernote organizado por ocasião e clima, para facilitar a consulta quando preciso for. #vivaorganizacaodigital
Para compor os looks eu usei uma lógica simples: para cada peça de baixo, 5 de cima. Busquei achar as bases dos looks e fui alterando também os sapatos e a terceira peça, como um casaco, lenço ou mesmo um acessório diferente. Fotografei com diversas variações. No final de uma tarde cheguei a 100 looks para testar. Confesso que não consegui testar nem a metade ainda e não sinto que estou repetindo roupas! Olha que engraçado, justo dessa vez que eu estou de fato repetindo! É uma experiência muito interessante!
Estou notando que essa construção do armário cápsula que começou no destralhamento e chegou até a experimentação no dia a dia tem mexido muito com o meu tempo e com a minha auto estima. Ter consciência de que minhas roupas servem a um propósito me ajuda a entender melhor os meus propósitos e saber do meu papel no mundo. É uma sensação muito legal essa. De saber que as coisas que me cercam, que me vestem, estão representando o que de melhor há em mim. É tudo um conjunto, afinal. E pode ser simples.
Os resultados da construção do armário cápsula já são claros:
Hoje sou uma feliz dona e proprietária de um armário cápsula. No último mês com o teste dos looks acabei descobrindo mais peças que não serão usadas e acabei reduzindo mais ainda o guarda roupa. Estou curtindo muito esse caminho de encontro com minha imagem e vivendo uma relação saudável com meu estilo. Ter um armário que combina com a minha mensagem e que funciona a meu favor é muito recompensador. Não existe mais essa de olhar pra ele e pensar não tenho nada para vestir. Agora o pensamento é diferente. Acho que essa combinação vai ficar maravilhosa. Vou experimentar! Estou arrasando com essa roupa! Isso é pra lá de divertido!
Você já pensou em ter um armário cápsula? Está montando um? Curtiu esse assunto? Me conta nos comentários!