Muita coisa vem acontecendo no movimento da semana de 4 dias, e vez ou outra contribuo com a mídia trazendo minha opinião sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Por isso, criei essa página aqui no site para reunir as matérias que já participei e convido você a dar uma olhadinha aqui: Na mídia.

Nesse post compartilho as questões que mais recebo dos jornalistas sobre a semana de 4 dias. Vale a leitura pra matar a curiosidade!

Antes de chegar ao Brasil, o projeto 4 Day Week foi testado em diversos países. Quais as suas vantagens? E desvantagens, há?

O projeto da semana de 4 dias, liderado pela organização sem fins lucrativos 4 Day Week Global, já foi testado em diversos países, chegou ao Brasil trazendo o mesmo modelo inovador: 100-80-100™, que significa manter 100% do salário, trabalhar 80% do tempo, mantendo 100% da produtividade. Uma das principais vantagens é o incentivo para que as empresas repensem a organização do trabalho, afastando-se de práticas ineficientes como excesso de reuniões e microgerenciamento. O projeto no Brasil, assim como em outros lugares, inclui uma estrutura robusta de pesquisa, workshops e orientações para planejamento e produtividade.

Um aprendizado crucial dos pilotos internacionais é que a mudança deve ser coletiva, envolvendo não apenas a liderança, mas toda a equipe. Juntos, funcionários e gestores revisam processos e comunicação, buscando formas mais eficientes de operar, o que é fundamental para que a redução da jornada de trabalho não impacte a produtividade.

É importante enfatizar que essa mudança não se traduz necessariamente em um final de semana prolongado. Algumas empresas optam por meio dia de folga durante a semana ou por jornadas diárias mais curtas. O design ideal da semana de trabalho é descoberto através da experiência nos pilotos.

Contudo, há desafios: é fundamental um bom gerenciamento de desempenho e a capacidade de adaptação constante dos modelos de trabalho. Além disso, deve-se garantir a satisfação do cliente e a adequada distribuição do tempo livre para os funcionários. A semana de 4 dias representa mais do que uma simples redução de horas; é uma oportunidade para as equipes reavaliarem e aprimorarem sua forma de trabalho.

Lá fora, nem toda empresa que participou do piloto adotou o modelo de quatro dias, certo? Em geral, o que elas alegaram?

Embora muitas empresas tenham sucesso e adotem permanentemente a semana de 4 dias após o período de teste, algumas não seguem esse caminho. Os motivos variam:

• Planejamento Excessivo: Algumas empresas falham ainda na fase de planejamento. Muitas vezes, a liderança complica o processo ao tentar antecipar todas as soluções possíveis, em vez de permitir uma abordagem mais coletiva, flexível e adaptativa.
• Cultura Organizacional Incompatível: Em alguns casos, as empresas concluem que não possuem a cultura organizacional adequada. A semana de 4 dias tende a complementar culturas organizacionais positivas, que se baseiam na confiança e numa abordagem de parceria entre líderes, gestores e funcionários. Não é uma solução para culturas empresariais problemáticas.
• Mudanças na Liderança: Frequentemente, a semana de 4 dias não é abandonada por falhar, mas sim por mudanças internas. Se foi uma iniciativa de um CEO que já deixou a empresa, pode se tornar um alvo fácil para seu sucessor, especialmente se a empresa enfrentar dificuldades econômicas.
• Circunstâncias Econômicas e Organizacionais: Em outros casos, a semana de 4 dias é encerrada após demissões (é difícil justificar uma jornada de 4 dias para alguns, enquanto outros são dispensados), após aquisições por fundos de private equity ou investimentos de capital de risco, ou em períodos de recessão nos negócios.

Esses fatores destacam a importância de uma cultura organizacional forte e adaptável e de lideranças alinhadas com a visão da jornada de trabalho reduzida.

No Brasil, o projeto ainda está em andamento, correto? Quais as primeiras impressões dos participantes? O que poderia adiantar?

Recomendo checar e utilizar as informações contidas no relatório das primeiras impressões e insights das empresas participantes do piloto 4 Day Week Brazil feito pela Reconnect Happiness at Work junto a FGV.

Relatório disponível para divulgação e download aqui: https://www.4dayweekbrazil.com/

Acredita que, no futuro, o modelo de quatro dias poderá ser implementado, com sucesso, em grandes empresas? Por quê?

Sim, acredito firmemente que o modelo de quatro dias será implementado com sucesso em grandes empresas no futuro, e já estamos vendo sinais disso no presente. A discussão já evoluiu de filosófica para prática, concentrando-se na logística e na implementação efetiva, em vez de debater se é viável ou não.

Nesse post da 4 Day Week Global você pode ver grandes empresas que já adotaram o modelo.

Este modelo está se tornando parte de propostas legislativas e mudanças efetivas em vários países. Recentemente, Bernie Sanders apresentou uma proposta para a semana de trabalho reduzida no Senado dos EUA. Países como Bélgica, Portugal e República Dominicana também estão levando essas discussões para o âmbito legislativo.

A adesão é impressionante: mais de 90% das empresas que participaram dos nossos pilotos continuam com a semana de 4 dias. Nosso diretor de pesquisa, Alex Pang, prevê que em cinco anos, pelo menos uma empresa Fortune 500 de cada indústria terá testado esse modelo.

Um grande experimento está ocorrendo em toda a Europa este ano, com países como França, Alemanha, Suécia, Noruega, Portugal, Bélgica, Croácia, Suíça e Holanda organizando pilotos.

O equilíbrio entre vida pessoal e profissional nunca foi tão importante quanto agora. As gerações mais jovens, em particular, estão valorizando bastante esse equilíbrio e procurando por empregos que o apoiem.

O que hoje pode parecer uma tendência, em breve se tornará a norma. Estamos testemunhando uma transformação significativa na maneira como as empresas e a sociedade percebem o trabalho e o tempo.

Consegue imaginar como será o futuro do trabalho? Será que, algum dia, trabalharemos três dias e descansaremos quatro?

Ao imaginar o futuro do trabalho, com base em tendências recentes e insights de especialistas, vemos um cenário em constante evolução, impulsionado pela tecnologia, mudanças culturais e um foco crescente no bem-estar dos funcionários. A ideia de uma semana de trabalho de três dias, apesar de parecer distante, não é totalmente implausível, considerando a velocidade com que o ambiente de trabalho está mudando.

1. Impacto da Pandemia e Saúde Mental: A pandemia acelerou mudanças significativas na forma como trabalhamos, trazendo um foco renovado na saúde mental. Problemas como burnout, ansiedade e depressão no local de trabalho ressaltaram a necessidade de uma nova abordagem.
2. A Semana de Quatro Dias como Um Passo Inicial: A transição para a semana de trabalho de quatro dias é um exemplo de como as organizações estão se adaptando. Esta mudança é mais do que apenas cortar um dia de trabalho; é sobre transformar a cultura organizacional para valorizar o tempo e o esforço dos funcionários de maneira mais humana e sustentável.
3. A Coragem de Desafiar o Status Quo: Para liderar essa mudança, é necessário questionar o status quo e estar aberto a novas possibilidades. Organizações que colocam o bem-estar dos funcionários no centro de suas operações são as que moldarão o futuro do trabalho.
4. O Papel da Inteligência Artificial e Automação: A IA e a automação são fundamentais para essa transformação. Como afirmado por Christopher Pissarides, Prêmio Nobel de Economia, a IA pode ser o caminho para alcançar uma semana de trabalho mais curta e eficiente, melhorando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
5. Transformação do Workaholism para Produtividade: A cultura que glorifica o trabalho excessivo está sendo repensada. Em países como o Brasil, onde muitas vezes se trabalha muito, mas de maneira ineficiente, a IA pode ser uma solução para transformar essa realidade.
6. Comunicação Assíncrona e Confiança Organizacional: A implementação da semana de 4 dias está ligada à comunicação assíncrona, à confiança organizacional e à criação de um ambiente seguro e feliz. Culturas que focam em confiança tendem a ser mais transparentes e eficazes no compartilhamento de informações e na utilização de novas tecnologias, além do suporte ao bem estar dos colaboradores.
7. A Jornada para Uma Semana de Trabalho Mais Curta: A utilização da IA para automatizar tarefas rotineiras abre espaço para trabalho mais significativo. A tecnologia, usada corretamente, pode facilitar a vida e ser a chave para uma semana de trabalho mais curta e eficiente.

Portanto, a ideia de uma semana de trabalho de três dias, mencionada por JPMorgan’s Dimon em relação ao papel da IA, reflete um futuro possível onde o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é priorizado e sustentado por avanços tecnológicos.