15 de abril de 2023
Não dá pra ser PJ sem entender a PF. Não dá pra falar sobre organização e produtividade, sem reconhecer o caos e a confusão. Estes últimos meses foram bagunçados pra mim. E a energia de Áries chegou me fazendo encarar essas bagunças com olhares de “bora querida, ver isso aqui né?”. Desde Janeiro ando abrindo muito espaço para novas relações, já percebi que é toada do meu ano mesmo.
Quando a pandemia veio, meu músculo social ficou completamente atrofiado. Me divorciei e fiquei um tempinho mais fechada no casulo, tentando entender o que era importante em uma relação pra mim e o que não era. Foi um tempo necessário pra eu perceber o quanto minha companhia é valiosa. Foi um tempo necessário para validar minhas necessidades e limites.
Escrevi outro dia desses no Instagram que é duro, mas simplesmente tiro da minha vida quem não contribui para a minha paz. A vida é curta para perder tempo em confusão.
Tenho falado bastante de relações por aí. Isso porque um dos meus mais recentes desafios é manter a presença, cultivando atitudes positivas dentro de um relacionamento.
E como as pessoas andam fugindo de relacionamentos sérios, né? E por sérios não quero nem falar de monogamia, casamento. Mas sérios, no sentido de assumir qualquer nível de compromisso ou responsabilidade afetiva.
Acontece que todo relacionamento é sério. Todo relacionamento, casual, profissional, de amizade, tem uma troca de energia. Trocar energia é algo sério, pois mexe com todo nosso corpo e espírito. E essa troca aumenta a medida que a troca de recursos aumenta.
Quando passamos mais tempo com alguém, quando investimos nossa energia, humor, conhecimento, dinheiro. Quando abrimos nosso espaço e doamos nossos sorrisos. Quando permitimos que alguém nos toque e acesse o mais profundo do nosso ser.
É bom. Quando a noite passa, quando a gente canta e se entende em músicas, quando a conversa se prolonga e quando se vê o dia já raiou. Quando o olhar se perde no sorriso, quando o abraço é o único lugar que você quer estar.
Todo relacionamento é de alguma forma sério, mas nem tudo pode ser levado tão a sério. O que quero dizer é que é bom ser flexível, empático e ao mesmo tempo responsável com as energias envolvidas, suas e dos outros.
Quando eu abri espaço para minhas novas relações, sem negociar com minha rotina, me baguncei inteira. Reservei minha agenda (às vezes até abdicando de outras coisas importantes pra mim como o meu sono) pra aproveitar a companhia de alguém(s).
Para aproveitar a companhia de alguém, a presença é necessária. Ela é caminho para que possamos manter atitudes positivas dentro de um relacionamento.
Presença não significa relacionamento estável. Presença não significa aliança. Presença significa entrega e cuidado. E poucas pessoas conseguem estar verdadeiramente presentes.
Por isso, quero trazer o olhar para a distinção de três coisas: disponibilidade, disposição e ghosting. Pois acredito que o entendimento delas possa trazer mais clareza sobre a presença dentro de uma relação.
Disponibilidade é a nossa capacidade de estar verdadeiramente presente e disponível para outra pessoa, seja um relacionamento afetivo, de amizade ou de profissão. É quando temos disposição para estar com alguém, atender um pedido, planejar juntos, desenvolver coisas juntos.
Não são os opostos que se atraem, são os dispostos.
A disposição, é uma atitude que temos em relação a fazer alguma coisa ou a estar com alguém. Tem gente que temos disposição 0 pra encontrar, enquanto outros bastam enviar um OI que já estamos com a roupa de ir. Mas como tudo tem dois lados, a disposição pode ser também negativa. É tipo ver alguém e já estar disposto na hora a tacar uma crítica ou uma ofensa.
Se a disposição é positiva as pessoas se encontram, se conhecem, se comunicam. Se a disposição é negativa as pessoas não se encontram, não se conhecem e não se comunicam.
Colocar nossos limites e ser ouvido em vulnerabilidade não é algo que todos estão dispostos a receber. Ou ainda, não são todos que terão recursos para lidar com esses limites e vulnerabilidade.
As pessoas fazem o que podem com os recursos que possuem.
Quando a indisposição ou a indisponibilidade não é comunicada, os fantasmas se divertem. Ghosting, a tal conhecida atitude de desaparecer repentinamente sem dar uma explicação ou um aviso, sem comunicar o sentimento, tem ficado cada vez mais comum nas rodinhas. Pode ser em um relacionamento, numa ficada, numa amizade. É como um término não comunicado, não oficial, onde alguém simplesmente parou de responder mensagens e ligações deixando a outra se perguntando sobre o que aconteceu.
Nem sempre as pessoas estão disponíveis e nem sempre as pessoas estão dispostas. Mas para manter a presença e cultivar atitudes positivas dentro de um relacionamento busque antes conversar e evitar premissas falsas. Muito tempo é economizado quando as pessoas são honestas, dizem não e localizam as outras de seus sentimentos e expectativas.
Falar para o outro da sua indisponibilidade te liberta (e liberta o outro!)
Relações podem ser leves e cuidadosas. E quando isso não é realidade, mesmo com todo o desejo, é melhor ir embora. Passei muito tempo da minha vida lidando com confusão e falta de diálogo, em troca de pequenos afetos. É melhor ter pouco afeto do que ficar sozinha – era minha crença. Estou feliz por sentir que quebrei isso.
As mudanças e momentos de bagunça sempre irão chegar na nossa vida. Caminhos vão se abrir e caminhos vão se desencontrar. Às vezes ficam soltas pelo vento as coisas, as palavras, as músicas, as trocas, os planos a realizar.
Que a gente deixe ir e encontre mais gente disponível e disposta positivamente por aí a fora!
Esse é o tipo de reflexão que temos em desafios na nossa comunidade.