3 de julho de 2020
Uma das principais lições que aprendi com o minimalismo foi: você economiza 100% daquilo que você não compra. Evitar o impulso de comprar no entanto, não é uma tarefa simples quando esta atitude já virou um hábito. E vivemos em um mundo capitalista né. Então os hábitos de consumo fazem parte da nossa vida.
Se em algum momento de baixa energética, conflito, insegurança ou confusão na sua vida você foi atrás de um shopping ou de um carrinho de compras online, você sabe muito bem o tipo de impulso que estou descrevendo aqui. Parece uma necessidade de preencher o vazio, o desejo de querer mais e por muitas vezes, a vontade de cobrir uma falha, um sentimento ruim.
Mas você já parou pra observar como compras são boas no início, mas logo depois que o pacote é aberto ou a sacolinha é jogada fora a satisfação logo passa? Para muitas pessoas a satisfação está apenas em passar o cartão de crédito.
Pense bem: quando você passa o cartão de crédito nem sente o pagamento né? A dor vem quando a fatura chega! A dor será maior ainda se você não tem o costume de checar sua conta bancária ou a fatura com frequência. Quantas e quantas vezes eu me vi nesse lugar e tomei um susto quando a fatura do cartão chegou e me vi pensando: o que eu vou fazer agora pra pagar isso? A dor é grande.
Eu percebi com as práticas minimalistas que a dor do pagamento (uma sensação desconfortável que acontece em transações comerciais) era menor do que o meu impulso por comprar. E para mudar essa realidade, eu tive que começar a lidar melhor com a dor do pagamento.
Eu aprendi esse conceito com Eduardo Amuri no curso Dinheiro Sem Medo que recomendo de olhos fechados. Inclusive, tenho uma uma aula de organização de finanças que foi reflexo de tudo que aprendi com esse profissional incrível que é o Amuri. Com ele, entendi que a intensidade dessa dor do pagamento é variável e que depende muito do contexto que ela está acontecendo.
Quando o pagamento é imediato, no ato da compra, seja no débito ou no dinheiro, rola sim um desconforto porque o dinheiro tá saindo da conta! Mas esse desconforto é válido quando sabemos que a compra tem um propósito, responde a um desejo ou necessidade que faz sentido no cenário atual. É muito melhor lidar com a dor do pagamento e a satisfação de uma compra bem feita do que com a dor da fatura que chegará em um mês. Para chegar nesse nível de lidar com a dor do pagamento, é preciso aprender planejar, a controlar os impulsos e entender os gatilhos para o hábito de comprar.
Se a sua mente tem o hábito de sempre querer mais, observe como a qualquer sinal de baixa emocional você vai atrás de um carrinho de compras. Em qual carrinho esse hábito se materializa? É na Amazon? Na Forever 21? Para onde esse desejo de compra te leva?
O meu geralmente leva para imagem e gadgets, estes são meus pontos fracos de consumo. No meu processo de autoconhecimento, percebo que a falta de autoestima e confiança podem acabar em compras impulsivas. Foram boas sessões de terapia para lidar com esse impulso. Para muitas pessoas o impulso pode até mesmo virar compulsão, então observe como isso acontece na sua vida e procure ajuda para esclarecer esses pensamentos.
Sua mente sempre estará buscando esses sinais de desejo para que você possa se sentir mais feliz ou ainda, eliminar certas incertezas da sua vida.
No mês de Junho o WhatsApp liberou forma de pagamentos e compras pelo aplicativo e minha orelha já ficou de pé! Um tanto desconfiada acabei buscando os olhares de quem confio sobre o assunto e me deparei com esse texto do Eduardo Amuri no Valor Investe, onde ele fala da tal dor do pagamento e explica como a tecnologia deve ser empregada a nosso favor na hora das compras.
Um olhar que também representa minha visão:
Não quero parecer turrão, o ponto não é voltarmos ao ábaco, o desenvolvimento é maravilhoso, porém torço para que não nos falte clareza do que de fato é importante. Não precisamos de mais aplicativos coloridos, nem de dispositivos ultra tecnológicos que operem com o único intuito de nos fazer gastar mais ou, pior ainda, gastar sem sentir.
Eduardo Amuri
Para evitar o impulso de comprar, com todas as facilidades que temos hoje em dia com cartão de crédito e compras online, devemos ter clareza do que é importante na nossa vida para que as compras respondam às nossas prioridades e nos levem ao progresso de nossos projetos. Cada compra mostra um caminho de conquista que você está buscando.
Um exemplo: Se você está querendo se tornar um corredor maratonista, na sua cabeça com certeza irão passar uma série de investimentos que serão necessários de serem feitos. Um tênis novo apropriado, de repente? A inscrição naquele grupo de corredores para ajudar na motivação? Um relógio para acompanhar os seus passos? É natural para quem está começando a correr, pensar em todo suporte que deve ter e como isso depende de um investimento financeiro. No entanto, a identidade do corredor não vem com o equipamento, com o tênis ou com o relógio. A identidade de corredor vem com a prática da corrida! Com rotina.
Pense em suas metas, nas coisas que você quer conquistar na vida e em todos os investimentos relacionados. Entenda o seu processo e sistema antes de adquirir materiais extras. Não caia na ilusão de que só porque você comprou uma nova legging de Yoga você será um praticante. Compras não preenchem propósito. Sistema e rotina sim, por isso mesmo é o que deve vir primeiro. Compras vem depois (SE NECESSÁRIO for).
Não deixe as vitrines ditarem o que você precisa comprar. Compras são frutos de necessidades que são apontadas pela casa, pelo trabalho, pelos projetos da vida. Comece a prestar mais atenção ao que de fato é necessidade e ao que é impulso para preencher algum vazio.
Você economiza 100% daquilo que você não coloca no carrinho. Pense nisso.