9 de fevereiro de 2023
Tem coisas que só o tempo ensina.
Tenho aprendido com ele. Inclusive, gosto de compartilhar o que vou aprendendo de alguma forma. E olha… Como tenho reaprendido a trabalhar! Produzo meus cursos, meus materiais, meus projetos, mas já tem um bom tempo que não me dedico mais àquelas fórmulas de lançamento que você provavelmente conheça. Não fico fazendo plantão nas redes sociais toda semana pra responder dúvidas, ou dedicando uma semana inteirinha a produzir um grande volume de propagandas e gatilhos de compra para angariar mais clientes. Esse modelo ficou exaustivo demais para mim, sabe?
Precisei adaptar o meu trabalho para poder seguir saudável.
A dobradinha 2020-2021 foi um duplo twist carpado na minha cara. Sem exagero. Foram quase dois anos lidando com más notícias, alterações de rotina, home office emergencial, polarizações em praticamente todos os assuntos, conta no vermelho e os mais variados tipos de crise junto a uma noção de TOTAL IMPREVISIBILIDADE diante do futuro. Isso simplesmente drenou minhas forças. Como foi pra você?
Nessa época tão complicada, encontrei refúgio no Instagram. Vendo gente bonita, planos que dão certo, narrativas de superação e memes debochadíssimos. Dedicando horas e horas a nada mais do que o brilho do feed. Eu e o Insta temos uma parceria bem PARADOXAL, de amor e ódio. Uso o espaço para passar uma mensagem e me conectar com pessoas que veem sentido nela. Ao mesmo tempo, sei que esse canal é prejudicial à saúde mental coletiva. É contraditório e muitos dos meus dilemas chegam nesse lugar.
Antes que você me pergunte como lidar com isso, eu já digo: E eu lá sei? Tô aqui abrindo o coração. Sou mais uma pessoa tentando tirar o melhor das redes e aprendendo no caminho. Mas olha… É o tipo de complexidade que levo pra desfazer nós em terapia.
Pra falar bem a verdade, já faz tempo que oscilo em empolgação com redes sociais. Investir tempo e recursos nas redes é financiar um modelo de consumo de informações e produtos que eu não acredito e nem apoio mais. Pra piorar, me sinto, muitas vezes, “obrigada” a dançar conforme a música, afinal, se eu quero ser vista, ouvida e, principalmente, se eu quero ajudar compartilhando o que já aprendi, esse é um jeito efetivo diante das atuais circunstâncias. Não acho que seja o único jeito, mas… Algoritmos! Estou aprendendo a dançar no meu ritmo no meio deles, usando o que posso a favor da mensagem da Jornada, que acredito que possa chegar a mais pessoas, através dessas mesmas redes sociais.
Acredito que as pessoas certas vão me achar enquanto eu estiver compartilhando o que for essencial e com a minha identidade.
Não trago respostas, nem aqui nem em lugar nenhum. Nem dicas, nem sugestões sobre como lidar com isso. Tenho levantado esse assunto com frequência nos papos na comunidade. Sou mais uma usuária dessa internet doida, que hoje encontra companhia para desabar e pensar sobre as questões difíceis da vida em um mundo onde se preza o instagramável.
Conforme tenho amadurecido e mergulhado em meus processos, simplesmente não vejo mais sentido em agradar algoritmos. Não quero mais me render a modelos que estimulam o consumo irracional. Quero fazer diferente, onde tudo parece tão igual.
Acredito muito no poder da coletividade: eu ajudo o outro e, com isso, estou me ajudando. É o poder das trocas: além de enriquecerem nossas conexões, elas impulsionam a gente e o nosso trabalho a ponto de a gente se permitir parar de depender de receitas e macetes pra fazer o conteúdo chegar longe. E aprender a usar o que as ferramentas tem de melhor.
Para poder aliviar a carga agora, lá atrás, eu trabalhei muito. Foi empreendido, sim, um esforço inicial. Me dediquei a montar uma plataforma, com bases, leituras, vídeos, cursos, método… Foram anos criando todo um ecossistema que me permitisse, mais pra frente, cuidar de sua manutenção e aperfeiçoamento, enquanto ensaio próximos passos, mesmo que me pareçam incertos e complexos. Eu continuo trabalhando muito, mas de maneira diferente. O trabalho não tem fim. Prefiro ir devagar.
Tenho me deliciado em poder viver o que ensino. Organização é algo que demanda alternância. E paciência. Há tempo de trabalhar duro, e tempo de descansar pesado.
E saber curtir esse ritmo – essa fluidez – é saber viver a vida.