16 de outubro de 2019
Já era hora de voltar com as reflexões no blog. As redes sociais continuam sendo desafiadoras pra mim, mesmo depois de tanto tempo de envolvimento com elas. Mesmo aquariana que sou.
Foi no Twitter, outro dia desses, que me caiu a ficha para voltar. Não é aqui a minha casa online, afinal? Neste site? Nesse canto que com cuidado e carinho, compartilho meu melhor trabalho?
Meus dados, minha casa.
Uma das muitas reflexões que poderia ter postado no Twitter mas mantive comigo…
Qual a real intenção dessa rede – me perguntei e perguntei aos que estavam online. As respostas não foram das mais variadas:
Micro Blog. Esta foi a explicação/propósito que me fez abraçar a causa. Na verdade, é o que me faz ficar aqui ainda, conectada. Não apenas no Twitter, mas nesse mundo todo que é a internet. Enquanto houver espaço de reflexão e conexão, acredito que valha a pena ficar.
A imagem de micro blog me lembrou os scraps do Orkut e de todas as vezes que fiquei pensando sobre meus comportamentos, a vida, os outros, através do espelho da rede social. Sherry Turkle, pesquisadora do MIT, já tinha cantado essa pedra da auto reflexão através das máquinas.
Através das redes sociais a regra é essa: compartilho enquanto reflito e reflito enquanto compartilho. Abro mão da privacidade. Todos saberão o que penso! Poderoso e vulnerável caminho. E as empresas que conseguem prover plataformas com esse desenho seguem aí… ganhando tempo e atenção dos usuários.
O Twitter vira memória. O Facebook vira diário. O Instagram vira álbum de recordações.
As narrativas se transformam em números e do outro lado há equipes construindo e analisando algoritmos para conhecer mais do ser humano, ou para despertar conexões mais profundas ao longo do envolvimento. Que custo alto pagamos pela conectividade! O conhecimento sobre nós mesmos que não chegamos a conhecer…
Redes sociais ensinam preciosas lições. Dá medo de ser autêntico e se expor. Não queremos mostrar nossa sombra nas redes sociais, é mais seguro chorar escondidinho. É claro que esse espaço nos deixa vulneráveis! A solidão nos leva a auto reflexão, a olhar para dentro. Essa auto reflexão nos deixa vulneráveis. Um celular na mão, várias ideias na cabeça, várias emoções para dar conta. Um ritmo que não permite o descanso mental…
Me lembro muito bem da minha mãe aos 30 anos. Eu tinha 10. Foi bem nessa época que ela me contou que iria se divorciar do meu pai. 30 anos, duas filhas. Eu não poderia entender a barra que ela estava passando naquele momento, mas lembro de como ela segurou.
Hoje, com os meus 32 na cara, entendo o porquê de tanto mantra, incenso, heiki, mapas, astros, terapias, constelação, florais e homeopatia. É que em momentos de mudança, a gente precisa olhar pra gente mesmo, se enxergar, se encontrar, reconectar, reconstruir.
Naquela época a rede social era offline.
Isso me lembra uma frase que uma amiga compartilhou comigo:
“… Sou a primeira mulher da minha linhagem a ter liberdade de escolha. A construir o futuro como bem entender. Dizer o que vier a minha mente o quanto eu quiser. Sem ouvir o barulho do chicote. São centenas de primeiras vezes pelas quais sou grata. Cenas que minha mãe e a mãe dela e mãe dela não tiveram o privilégio de viver. É uma verdadeira honra. Ser a primeira mulher da família que pode sentir seus desejos. Não é a toa que quero experimentar essa vida ao máximo. Antes de mim tenho gerações de barrigas famintas. As avós devem estar gritando de tanto dar risadas. Reunidas em volta de um fogão de barro lá do outro lado. Bebericando Massala Chai Leitoso em um copo fumegante. Elas devem achar uma loucura ver uma de suas mulheres vivendo de um jeito tão grandioso…”
O que o sol faz com as flores
Rupi Kaur
É mais uma daquelas reflexões que chegam sem pedir licença, arrumam um espaço e ficam. Liberdade exige responsabilidade.
Foi preciso eliminar as distrações online para entender onde realmente os fragmentos de pensamento deveriam estar. Não dá pra alimentar hábitos, coisas, pessoas (ou redes) que me afastam de mim mesma. Por isso, retorno para casa, para poder compartilhar o mais verdadeiro de mim.
Nesse último mês, revisando materiais por aqui, me deparei com o primeiro post desse blog. O nome não poderia ser melhor: O começo. Em 13 de Setembro de 2013, registro:
Quando não há mais distrações, os sentimentos negativos ficam desprotegidos. Nada pode mascará-los. Mas são esses mesmos sentimentos que transmitem sinais sobre o que precisamos conhecer mais a fundo. Quanto espaço abri de lá pra cá. Quantos pude acompanhar nesse mesmo processo…
O mundo moderno está cheio de armadilhas. Mudanças internas não acontecem dentro da rede social. Elas precisam de tempo, elas precisam de espaço.
Nós precisamos não apenas falar sobre elas, precisamos construí-las.
O caminho de autoconhecimento na Jornada de Organização