20 de agosto de 2020
Todo final de semana eu sento para ler as referências coletadas ao longo dos últimos dias. São informações que chegam de diversas fontes diferentes, como um post no Twitter, uma recomendação de aluno no Whatsapp, uma indicação que veio de newsletter ou ainda em pesquisas sobre assuntos diversos.
Sempre consumi muita informação online. Acompanho alguns blogs religiosamente, gosto de fazer pesquisas sobre assuntos diferentes, escuto podcasts e assino feeds para me manter atualizada. Acredito que o meu consumo online tenha me levado também a produção online e chegou um determinado momento na minha vida que eu me vi produzindo mais conteúdo do que consumindo conteúdo. Isso de certa forma é muito bom porque significa que todo o conhecimento que consumo está sendo colocado em prática e externalizado em forma de conteúdo.
Venho trabalhando continuamente na forma que consumo informações, com uma restrita dieta onde incluo no sistema apenas o que é importante para mim e para os meus projetos. Busco também checar fontes fora da minha bolha, seguindo perfis nas redes sociais que sempre me apresentam diferentes realidades e perspectivas.
Com essa dieta da informação consigo me manter informada e atualizada, mas também, aproveitar e aprender conhecimentos para passar as informações pra frente. Veja os 4 passos de uma dieta INFOVEGANA de acordo com o livro The Information Diet de Clay Johnson:
Consumo é apenas uma parte da gestão do conhecimento. Podemos coletar inúmeras referências de redes sociais, livros e artigos e não aprender nada com isso. O que faz diferença não é o quanto de coisas você salva para ler depois ou quantas abas abertas de textos interessantes você achou sobre um assunto. A diferença acontece quando você vai para o campo da prática.
Em um mundo de redes que buscam agradar algoritmos, sigo em um fluxo oposto: de qualidade antes de quantidade. De curadoria, organização e destilação da informação para aprendizado e compartilhamento e não apenas de número de conteúdos para assistir.
O seu capital humano de conhecimento envolve não apenas o consumo, mas também as experiências, habilidades, sabedorias, hábitos e memórias acumuladas. O conhecimento nunca poderá ser separado da pessoa e cuidar da gestão de conhecimento valoriza nosso capital humano porque apresenta métodos e ferramentas que reforçam o aprendizado. Quanto tempo por dia você passa consumindo conteúdo? E pra onde vai todo esse conhecimento?
O fluxo de informação acontece quando decupamos a informação que consumimos e compartilhamos para que mais pessoas possam consumir dessa informação. Esse fluxo respeita o ciclo CPO e CCC.
Quando a coleta e o consumo são as únicas etapas experienciadas, o fluxo não se completa na comunicação. Para nos comunicarmos com eficiência é preciso consumir, desenvolver uma ideia, formular uma mensagem, escolher um meio de comunicação, transferir a mensagem, receber a mensagem, consumir a mensagem, decodificar essa mensagem e por fim, receber um feedback.
Um ouvinte ativo reconhece ideias e pensamentos do destinatário para desenvolver em sequência uma mensagem, mas existem muitas barreiras que impedem uma comunicação efetiva, como por exemplo: julgamento, vergonha, medo, falta de habilidade, empatia, timidez. E claro: DESORGANIZAÇÃO.
Na sequência apresento as minhas principais formas de consumo de informação em 2020. Todas essas informações consumidas foram antes coletadas, processadas e organizadas. O processo que estou apresentando aqui não acaba ao término de leitura de um texto ou um livro. Busco sempre trazer essas referências de alguma forma em criação ou compartilhamento, o que enriquece o meu trabalho como produtora de conteúdo e também o meu capital humano, pois compartilhando acabo aprendendo ainda mais.
O consumidor ativo de informações é aquele que consome e coloca em prática o que está aprendendo. O consumidor ativo costuma se perguntar:
Nancy Coler, autora do livro The Power of Off , alerta que precisamos prestar atenção no nosso relacionamento com as informações e como desejamos compartilhar o que sabemos. Segundo a autora, vale se perguntar:
Ela ainda complementa que em tal investigação, o corpo é um maravilhoso guardião de pistas. Continue averiguando:
Essa observação e consciência vão te proporcionar cada vez mais senso de curadoria para consumir conteúdos que sejam benéficos pra você e seu trabalho.
🎧 Podcasts e Músicas
Nos últimos anos tenho escutado menos podcasts e mais músicas. Utilizo o Apple Podcasts e o Spotify para coleta, processamento e organização dos áudios, já que prefiro ter tudo na nuvem e aproveito o algoritmo que me sugere conteúdos similares.
Toda segunda feira escuto a lista de descobertas da semana que o Spotify recomenda e às sextas feiras gosto de ouvir os lançamentos dos artistas e podcasts que sigo.
Escuto música quando estou realizando atividades diversas e podcasts apenas em caminhadas, atualmente. O meu formato de aprendizagem não é em áudio, portanto, uso desse formato apenas para curiosidades, diversão e interesses que não tenham relação direta com meu trabalho ou estudos, pois assim acho mais simples de processar as informações.
Por semana escuto em média 2 podcasts curtos de até 30 minutos e não contabilizo tempo de música. Consigo ficar meses sem ouvir um podcast. Música eu escuto todo dia.
Como vou para o campo da prática: Boa parte das músicas que eu escuto tem uma pegada eletrônica e também gosto de MPB. Em 2019 eu comecei a praticar discotecagem e a meu hobbie de ouvir música acabou indo também para a mixagem. Gosto de usar minhas referências nos sets que componho e gosto também de trocar com os amigos que começaram (assim como eu) a praticar discotecagem recentemente.
Clique aqui para seguir minhas listas no Spotify.
Clique aqui para ouvir meus primeiros sets de música eletrônica no Soundclound.
🎥 Vídeos
Minha forma de aprendizado é por vídeo e leituras, então tendo a buscar mais esses formatos para aprendizado de coisas novas. Geralmente para aprender eu preciso de estímulos visuais. Sou bem disciplinada e não sou pega pela atração irresistível do YouTube. Quando quero estudar um novo assunto separo os vídeos antes e vou vendo sem correria, de acordo com os projetos em andamento.
Não uso YouTube como fonte de distração.
Aqui em casa usamos o Netflix e HBOMax para acompanhar séries e filmes. Eu gosto de fazer isso com meu marido porque é um tempinho que passamos juntos assistindo algo legal. Raramente assistimos mais de um episódio por dia, mas estamos sempre acompanhando alguma coisa.
Também assinamos um plataforma chamada Mubi para filmes que saem em festivais. Toda quarta feira a noite temos a noite do cinema e assistimos um filme dessa plataforma. É bem legal porque são filmes que não entram no circuito comercial. Eu gostava muito de fazer isso quando era estudante de cinema e resgatei o hábito durante a quarentena.
Ver séries e filmes entra no meu campo de lazer. 🙂
Não vejo TV aberta e nem acompanho notícias em vídeo.
O que eu aprendo com esse consumo: Uso vídeos para aprendizado e o impacto no meu trabalho é direto porque eu dou aulas e palestras em vídeo. Enquanto aprendo sobre novos assunto, acabo também me especializando ou coletando referências para o meu trabalho. Sou formada em Cinema e Mídias Digitais, então tenho muita conexão com o universo audiovisual. É uma linguagem incrível pra mim, extremamente detalhista e cheia de possibilidades. É uma fonte de inspiração!
📚 Artigos, Textos e Livros
Praticando uma dieta de informação eu consigo ler com muito mais qualidade e estratégia. Separo minhas leituras em leituras técnicas instrucionais, leituras de lazer e leituras para atualização. Divido assim:
Para leituras instrucionais eu separo tempo em blocos de estudos que tem frequência de 1 hora pelo menos três vezes na semana. Leituras de atualização eu faço uma vez por semana, geralmente aos domingos, lendo os artigos que salvei para ler depois. É um bloco que invisto de 1 a 2 horas. Leituras para lazer são de interesses diversos e geralmente eu pego essas leituras na sexta, quando estudo astrologia (tipo ler o céu do mês) ou então de maneira picada lendo crônicas ou poemas nos intervalos do dia.
Gêmeos na Casa 05. Entenda: se diverte estudando. 🤓
Nesse sistema, as leituras estão associadas a um bloco de tempo.
O planejamento semanal pra separar as leituras da semana ajuda a entender essa frequência de processamento. Durante a semana eu costumo coletar cerca de uns 10 a 15 artigos/textos novos que processo/consumo/arquivo usando o Evernote. Dessa forma, tenho um bom fluxo de coleta, processamento e organização (CPO), permitindo uma curadoria de conteúdo e facilitando o ciclo seguinte de consumo, criação e compartilhamento (CCC).
Como coloco em prática o que aprendi: Leituras me ajudam a compreender teorias e a aumentar o repertório. Assim como os vídeos, a relação com a produção e o trabalho é direta. As leituras instrucionais são conectadas à pesquisa para cursos e tenho como costume estudar os livros, colocando em prática as estratégias sugeridas e compartilhando com alunos em cursos e clientes de consultoria.
As leituras de atualização e lazer, somadas às experiências do dia a dia e práticas dos livros técnicos, me ajudam a criar conteúdo para o blog e as redes sociais, por exemplo.
📧 Emails
Recebo cerca de 50 emails novos por dia. Passo cerca de 30 minutos por dia no email de segunda a sexta.
Considerando o que já foi antes, estou em um lugar muito melhor. São poucas newsletters e poucos cadastros que preciso gerenciar. Vale salientar que tenho na equipe de trabalho uma pessoa que me ajuda no processamento de mensagens da empresa, diminuindo o volume de coisas que chegam até mim no email.
O que eu aprendo com esse consumo: Assim como não passo muitas horas na frente do email e busco ser o mais minimalista possível nessa área digital, tenho o mesmo raciocínio na produção. Busco ser direta e respeitar a caixa de entrada de quem está inscrito nas newsletters da empresa, mandando apenas informações de valor e com baixo volume de mensagens.
👩🏻💻 Cursos e Aulas
Todos os cursos e aulas que tenho em andamento possuem relação com algum projeto de vida, seja do trabalho ou de áreas da casa, de relacionamentos, etc. O planejamento para estudos está no Notion e os conteúdos contam com um sistema que me permite visualizar e filtrar por status.
Toda semana eu reviso quais são os cursos prioritários de atenção, ou seja, os que vou dedicar tempo durante a semana. Os cursos que faço já são organizados para que eu possa ir fazendo aos poucos, então no planejamento semanal eu vou me dando micro metas para realização e assim sigo o progresso.
Antes de adquirir qualquer curso ou aula, sempre vejo o tempo de duração do curso, quantos módulos tem, o número de aulas e o tempo necessário para tocar as atividades ao vivo (se tiver). Com esse tempo eu calculo como eu vou fazer pra estudar, de acordo com o tempo disponível que tenho por semana. Se é um curso de 2 horas é mais simples de encaixar. Se é um curso de 60 horas aí pega mas no planejamento. Se é um curso de 120 horas eu preciso de um período todo novo de estudos no dia. Então pra cursos o pensamento é sempre: como vou me organizar pra fazer isso? Se não tem tempo na previsão dos próximos 3 meses para encaixar, eu nem chego a investir no material.
Cursos correspondem a projetos em andamento. Quando o desenho de projetos não está claro, a tendência a consumir mais disso sem sair do lugar é maior. Organizo o planejamento semanal no Notion com o plano de estudos:
O que aprendo com o consumo de cursos e aulas: Assistir aulas não garante aprendizado. Assim como preciso de tempo para ver as aulas, fazer exercícios, processar as informações, escrever e praticar, levo o mesmo pensamento para os meus cursos e aulas, garantindo que os alunos contem com acompanhamento que leve o conteúdo para prática e permita tempo para processamento. Cada um aprende em um tempo diferente de acordo com o momento de vida.
📱 Mensageiros Instantâneos
Uso o WhatsApp pessoal e de negócios. O Whatsapp pessoal costumo processar pela manhã depois da minha rotina matinal. Nessa caixa de entrada chegam mensagens da família, amigos e também parceiros mais chegados de profissão.
O Whatsapp de negócios é a caixa para entradas de alunos, pessoas que chegam pelo website, indicações, grupos de mentoria, listas de transmissão, acompanhamento de clientes em consultoria.
Sem dúvida o tempo de consumo para mensagens do Whatsapp de negócios é maior. Em dias de lançamento e campanha chego a ficar mais de 2 horas no WhatsApp para negociações e esclarecimento de dúvidas. Mas no dia a dia varia muito com o que está acontecendo em campanha, então diria que tem dias que eu passo 15 minutos no WhatsApp e na maioria bate uns 30-40 minutos.
Aos poucos estou passando mais responsabilidades de atendimento para o suporte dos alunos, mas ainda tem uma parte de atendimento direto ao aluno que eu faço para acompanhamento de cursos e processos de mentoria. Faz muita diferença ter esse contato de perto com os alunos, sinto que a presença de um mentor atento acompanhando a caminhada os inspira a continuar. Então é um tempo bem aproveitado.
O que aprendo na prática com esse consumo: Mensageiros instantâneos possuem volume alto e podem sugar nossa atenção. É preciso usar comunicação assíncrona e ter funções claras para uso. Por aqui a política de resposta pra trabalho é processamento de segunda a sexta. Final de semana os mensageiros ficam off. E na maioria das vezes o retorno é direto, rico em informações. O pinga pinga de mensagens toma muito tempo e pode até ser gostoso quando é uma troca de mensagens com o crush ou o desabafo com as amigas, mas no dia a dia de trabalho esse pinga pinga pesa e alimenta o imediatismo das pessoas.
Veja como ter uma comunicação clara e efetiva na era digital.
👥 Redes Sociais
Tem 5 anos que passei por uma transformação no comportamento digital e hoje em dia minha relação com redes sociais é bem mais saudável. A mudança de hábitos digitais mudou minha forma de trabalhar e de me relacionar com os outros e por isso eu entendo que essas redes são espaços riquíssimos de troca quando somos consumidores ativos, organizados e conscientes. O contrário disso é a passividade que pode te fazer cair em um mar de procrastinação, confusão e ansiedade online.
Por dia eu passo cerca de 1 hora em redes sociais, por conta do meu trabalho que envolve essas redes. As redes pra mim funcionam como espaço de conexão, com alunos, com amigos e com profissionais.
Estou usando as redes com essas funções:
O único aplicativo desses que tenho no meu celular é o Instagram, por conta dos Stories. Todos os demais eu não uso no aparelho, só no computador. Ter isso longe do alcance da mão ajuda a não cair na tentação. Rs
Como todas as redes possuem uma função clara, é fácil notar o que é tração e o que é distração.
Meu lema é que ferramenta boa leva para tração e não para distração e tendo a levar isso de maneira bem séria quando se trata de redes sociais. Não me interessa mais o volume de coisas, o tanto de gente que sigo e quantos artigos li no dia. Não dá pra entrar nessa roda insana de consumir mais rápido para consumir mais. Pra que fazer isso e não aprender nada? Vale o cansaço?
Tem muita coisa bacana na rede social e na internet para o nosso lazer e aprendizado, mas cara, é preciso ser mais flexível e dar tempo para ir para as outras camadas de comunicação e aprendizagem. Se não a gente não sai da rodinha. Vi a tirinha abaixo e achei que tinha tudo a ver com isso. Produtividade no lazer é dose. Não dá!
Consuma as informações pensando no seu eu futuro e faça melhores notas. Quando você registra seus aprendizados, fica muito mais simples de captar a informação e lembrar dela quando necessário.
Uma técnica que se baseia em resumir uma anotação em vários estágios ao longo do tempo é o Sumarização Progressiva (tradução livre). Eu aprendi essa técnica com Tiago Forte, do Praxis. A grosso modo funciona assim: você salva apenas os melhores trechos do que estiver lendo e, em seguida, cria um resumo desses trechos para que, em seguida, um resumo desse resumo seja feito, destilando a essência do conteúdo em cada estágio.
“As “camadas” de um sumário são como um mapa digital que pode ser ampliado ou reduzido para qualquer nível de detalhe que você precisar. O resumo progressivo permite que você leia a nota de diferentes maneiras para diferentes propósitos: em profundidade, se você quiser recolher todos os detalhes, ou em um nível alto, se você precisar apenas da principal lição. Isso permite que você revise o conteúdo de uma nota em segundos para decidir se é útil para a tarefa em questão.”
Tiago Fortes
Não basta consumir para aprender. Registrar e revisar é parte fundamental para a captação da mensagem e compartilhamento da mesma. Ao invés de se preocupar com muitos livros, que tal estudar os livros a fundo? Realizar resumos? Fazer um sumário?
Muita informação cansa e ter as informações corretas fará mais diferença na qualidade do seu trabalho e da sua vida, transformando informação em conhecimento. Esse tipo de escolha é de extrema importância para melhorar a sua produtividade, ter uma mente mais tranquila e eliminar o medo de ficar por fora da sua vida.
Como estão seus hábitos de consumo de informação? Tá na hora de cuidar mais da sua gestão de conhecimento?
Pensa nisso! 🙂
Aproveite para assistir o aulão Information Flow!