22 de agosto de 2017
Alguma vez na vida você sentiu que a sua cabeça tinha mais coisas do que você conseguia lidar? Já sentiu o peso da sua mente mandando pensamentos, obrigações, contas, emoções, memórias, passado, inseguranças, medo?
Ano passado liberei um vídeo no YouTube falando o que fazer com a bagunça digital e um dos comentários que recebi foi: “isso eu já sei, queria saber o que fazer com minha bagunça mental”. Engraçado como as coisas chegam pra gente no momento que a gente está na vibrando na mesma frequência, né? Aquele comentário ficou ecoando por dias na minha cabeça…
~ Queria saber o que fazer com minha bagunça mental ~
Pois é, estamos aí nessa busca com alguns aprendizados pra compartilhar. Eu já refleti muito sobre essa questão porque minha cabeça é uma loucura de pensamentos que vão e vem a todo tempo. Sou o tipo de pessoa com personalidade reflexiva. Sou detalhista, estrategista e por vezes demasiadamente sistematizada, coisas que vem do meu lado racional. Mas também gosto de antecipar o futuro, de criar coisas, de ser livre, coisas que vem do meu lado mais emocional. Isso por si só já me traz uma série de coisas para pensar e processar diariamente. Também tenho muitas ideias, o tempo todo, boas e ruins. Tenho ideias novas e tenho as ideias que surgem a partir das ideias que já estou executando. Minha essência é reflexiva e minha mente é bem agitada.
Assim como acontece externamente, cada coisa que está fora do lugar internamente, me faz lembrar de um conflito, uma cobrança, um assunto mal resolvido. Eu me sinto confusa quando isso acontece. Começo a inventar histórias que me deixam pra baixo, começo a elaborar desculpas e buscar culpados. Fiz isso tantas vezes.
Me preocupo tanto em manter outros setores da minha vida organizados porque a cabeça já funciona a mil por hora. Não preciso gastar mais energia lidando com computador ou casa bagunçada. Não sei se o seu quarto reflete o estado da sua mente. O que eu sei é que um quarto bagunçado deixa minha mente muito mais estressada!
“A essência do homem é pensar. Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina e que sente. Penso, logo existo.”
Descartes
Onde há vida, há bagunça. A gente vem aqui pro mundo e é colocado nesse caldeirão que é viver com os outros e viver com si mesmo, sem nenhum manual de instrução! Mas a vida e o tempo… ah, esses não param. Você tem mais de 100 bilhões de neurônios, que fazem conexões o tempo todo na sua mente. Você captura informações a todo segundo, questiona-se, se enche de curiosidade e perguntas, tem lembranças, tem dúvidas. As conexões que você faz na sua mente são incríveis e elas possuem a capacidade de te tirar do agora, de trazer diálogos internos conflitantes e perturbadores, de mandar pensamentos negativos e de te colocar pra pensar no passado e no futuro.
Pensamentos são parte de você. Pensar é o que permite você sentir o mundo e se relacionar com ele. É a forma que você modela sua vivência para realizar seus planos e desejos. O pensamento é o elemento que nos permite aprender e aprender é dolorido. Significa que você está mudando, crescendo. A gente chora no divã do terapeuta quando aprende algo importante. Quem pensa, se conscientiza de sua existência.
Através da consciência é possível entender o que tira você do aqui e do agora, o que te deixa fora do seu eixo, o que complica sua vida. Mas ninguém disse que entender isso é fácil.
Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Eu não sei você, mas muitas e tantas vezes, para não lidar com a baguncinha interna e a consciência das coisas que ali estavam ocupando minha mente, eu fugi. Para negar, ou fugir da consciência um pouquinho, usamos amortecedores: o trabalho, o consumo, a comida, o sexo, o álcool. Minha fuga foi o acesso louco a internet. Toda vez que batia a consciência e começava a doer, eu corria para as montanhas online. Adormecendo os aspectos da minha consciência eu poderia amortecer o sofrimento, mas chegou uma hora que não deu mais pra fugir.
Se você já sentiu sua mente sobrecarregada, já se viu lutando com o stress e se vê muito ansioso sobre o que precisa fazer, sabe bem o que estou falando. Tem coisas que acabam ocupando um espaço maior do que a mente dá conta de lidar. Você vai querer fugir e a bagunça não vai sumir. Você já sabe que não adianta jogar todas as roupas dentro do armário pro quarto ficar arrumado. Na hora de abrir as portas vai tudo cair na sua cabeça!
Por mais que você queira, você não pode impedir sua cabeça de pensar, isso é estar vivendo. Haverão obrigações, coisas a processar, relações e pensamentos até o final da sua vida. Talvez você não possa controlar a quantidade de pensamentos que ocupam sua mente, mas você com certeza pode melhorar a qualidade dos mesmos e a forma de encará-los na sua vida.
Quando chega um momento que arrependimentos e preocupações passam a dominar nossa mente, nos distanciando do nosso propósito, a bagunça simplesmente chegou no limite. Alguma coisa precisa mudar.
Mind Monkey é um termo budista que significa “sem resolução, inquieto, inconstante, confuso, indeciso”. Buda usou esse termo para descrever a mente humana como se ela estivesse igual um macaco atrás de banana, saltando e se divertindo sem parar. Todos nós temos um macaquinho na nossa cabeça e um monte de coisas chamam a atenção dele. Quando deixamos o macaco controlar o veículo a procrastinação acontece, por exemplo. Quando a responsabilidade aumenta, o macaco fica com medo e nossa consciência consegue retomar a direção, controlando o que seja necessário controlar.
Tim Urban fez um TEDx inspirador sobre o que acontece dentro da mente de um procrastinador. Recomendo que você assista para saber como esse macaquinho atua na sua cabeça.
A bagunça mental é a desordem da mente, que pode impactar diretamente no que estamos pensando e no nosso bem estar. Naturalmente já temos várias coisas na nossa cabeça pra dar conta, mas existem fatores que contribuem para essa ~zona mental~:
Esses fatores podem nos deixar presos em ansiedade, negatividade, pensamentos negativos e improdutividade. Perde-se tempo, foco e energia porque a cabeça fica no modo “overthinking”. A frustração e confusão tomam seus assentos, porque não sabemos o que fazer para tirá-las do comando do veículo. Esses fatores nos faz ocupados, estressados, distraídos, desconectados e claro, com aquele desejo no fundo da alma que diz “quero uma vida mais calma e mais centrada”. Você tem esse desejo?
Eu tenho.
Nós temos alguns setores e recursos na vida que precisam de cuidado, para que possamos nos sentir bem no ambiente que vivemos. O primeiro recurso é o tempo, que é igual pra todo mundo e que só é possível de ser vivido no presente. O segundo é nossa energia, pois temos um corpo que depende de sono, de combustível, de amor, de presença. Terceiro temos nossos espaços porque vivemos neles, são os locais que nos abrigam e onde guardamos o que é de valor pra nós (isso vale pra espaço online também). Em quarto lugar, nosso din din, que proporciona viabilizar nossos planos. Também temos nosso conhecimento, o conhecimento inter e intrapessoal, para lidar com a gente mesmo e com quem nos cerca. Essas áreas estão interligadas. Um impacto negativo em uma delas pode desestabilizar outros setores.
Em menor ou maior grau, todas essas questões interferem na vida das pessoas. É preciso dedicar tempo e energia de maneira sábia para que nossa mente não fique maluca. Dentro dela, um monte de pensamentos batalham por atenção. Do lado de fora, o mundo continuará batalhando pra chamar o seu olhar para o que quer que seja. Ao eliminar coisas que não são essenciais, passa-se a dar atenção ao que é importante e consequentemente, a calma tem espaço para entrar na sua vida.
Vamos falar de prática agora. Eliminar essas coisas que ocupam espaço na mente não é fácil. É preciso tempo e paciência. Todos os pontos que eu vou comentar com você agora são pontos que ajudaram não apenas a mim, mas também as pessoas com as quais já trabalhei. Toda pessoa tem um tempo diferente e vivências diferentes, mas uma sensação comum que compartilhamos é aquela de dizer “nossa, como se me sinto mais leve”. 🌿
E eu espero que você possa sentir essa sensação também.
Quando as pessoas escutam esse papo de essencialismo, minimalismo etc, já ficam pensando que vão ter que abrir mão de tudo, viver na casa que tem o colchão no chão ou meditar no Tibet. Calma gente. Minimalismo é sobre encontrar o que é essencial e cada pessoa vai ter padrões diferentes. Encontrar o minimalismo que funciona pra você é descobrir o que adiciona valor aos seus relacionamentos, trabalho, energia, espaço, enfim. Descobrir o que é mais importante para você e remover o restante.
Resgate a capacidade de filtrar o que é importante e o que não é. Os psicólogos afirmam que a “fadiga decisória”, que é causada pelo volume de escolhas que somos forçados a fazer é o que prejudica a qualidade das decisões. Mark Zuckerberg usa o mesmo tipo de roupa todo dia porque com certeza ele tem coisas mais importantes pra se preocupar.
O primeiro passo para uma vida mais significativa é se cercar do que verdadeiramente importa. Share on X
O seu tempo é o recurso mais precioso que você tem. Caso você não esteja administrando-o bem, isso pode ser o motivo de muita confusão mental. Abra espaço na sua agenda para atividades importantes, simplifique sua rotina, diminua o número de atividades por dia que você tem, concentre-se nos 20% de atividades do seu dia que trazem mais resultados pra você.
Ao invés de ficar naquela corrida atrás do rabo checando todas as redes sociais possíveis, engaje em uma atividade diferente como ler um livro, fazer uma caminhada, se exercitar, conversar com um amigo, ouvir música, meditar, terminar algum projeto, passar tempo de qualidade com alguém, escrever, meditar, aprender algo novo.
Faça algo real, no momento e positivo para que você evite a presença digital e os sentimentos de culpa e ansiedade que normalmente surgem a partir disso.
Veja 10 projetos de organização para te ajudar no projeto desapego.
“Have nothing in your house that you do not know to be useful, or believe to be beautiful”
William Morris
Se a bagunça te rouba o foco, faz você se sentir sobrecarregado, distraído e agitado, remova isso da sua vida. Espera mais não, vai.
O nosso cérebro fica tão ocupado tentando processar tanto estímulo todo dia que por vezes a gente mal consegue aproveitar o momento. Não deixe momentos serem desperdiçados por conta de bagunça. Eu sei que a casa é um projeto vivo e vai rolar pia suja. Mas não tem necessidade de você ter pilhas de caixas de papel empilhadas que só te deixam mais incomodado, né verdade?
Treinar a mente não é tão simples quanto organizar a casa. Controlar seus pensamentos demanda comprometimento e prática. Quando você negligencia o cuidado com essa bagunça mental que está aí dentro de você, seus pensamentos e emoções continuam sambando na sua cara.
Você pode mudar suas reações e hábitos e aprender a lidar com as emoções que eles provocam. O pensamento pode se conectar com uma memória ou com uma emoção. A melhor forma de cuidar da sua mente então é vivendo no presente, focado, criando boas memórias e emoções.
Aceite que isso é um processo.
Com respiração focada e a prática da atenção plena, você aprenderá a lidar com os pensamentos e emoções que costumam te tirar do eixo. É uma forma de se encontrar com os seus pensamentos e dar atenção a sua energia, te ajuda a focar e criar memórias que seu futuro eu agradecerão. Você está simplesmente tirando dele a carga mental futura, entende?
É estando presente também que você pratica a escuta atenta e consegue dar mais atenção a forma que conversa com as pessoas e isso é muito valioso para suas relações em geral! Isso demonstra priorização da relação, deixa a comunicação mais aberta, aproxima as pessoas, faz com que conflitos sejam resolvidos de maneira mais fácil. Muita coisa na sua vida muda quando você simplesmente se permite estar presente.
Eu sei que às vezes a coisa fica tão braba que dá vontade de jogar tudo pro alto, reclamar, culpar, chorar, xingar. Eu acho que esse momento também tem seu mérito, se ele for algo que te ajude a entrar em contato com o que você está sentindo. Porém uma das coisas que eu percebi é que ficar nesse estado por muito tempo só me faz procrastinar e ficar mais frustrada.
Por isso me permito o tempo de “dar a louca” e surtar. Geralmente me dou uns 10 minutos pra colocar pra fora tudo que estou sentindo (geralmente no papel) e aí, só de fazer isso, já me sinto melhor.
Mas eu confesso que também já quebrei uns pratos lá em casa pra por os demônios pra fora… quem nunca?
Assim como você se permitiu “dar a louca”, permita-se aceitar e perdoar. Ter tempo é tão importante porque permite que você tenha brechas para analisar o que de fato está acontecendo, ouvir seus pensamentos e tomar a decisão mais acertada.
Quando eles disserem “você nunca vai conseguir fazer isso”, você respira e compreende que o que eles realmente querem dizer é que você simplesmente está tendo o pensamento de que nunca vai dar conta de fazer isso.
Aceite, perdoe. Escute o que o pensamento quer te dizer. Mexa com uma área da sua vida e veja como isso impactará nas demais áreas. Encontre o que mais te incomoda inicialmente, ou talvez uma coisa que já faça parte da bagunça mental. Aceite que é necessário comprometimento para mudar. E vá fundo.
Tô escrevendo essas táticas todas pra você também enquanto organizo a baguncinha de dentro da minha cachola. Porque nessa vida, todos estamos aqui evoluindo e aprendendo.
Você me conta quais são suas táticas para acabar com a bagunça mental?
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