2 de novembro de 2016
Eu procrastino muitas vezes e quando isso acontece, geralmente tento entender a origem daquilo pra poder vencer a procrastinação. Quando você procrastina, está deixando para depois. Mas deixar coisas importantes para depois pode gerar muita dor de cabeça. E definitivamente, não é isso que você quer para os seus dias. A verdade é que existem tarefas mais chatas que não queremos fazer. Não procrastinamos tarefas divertidas. É muito mais fácil continuar vendo TV do que lavar a louça. É muito mais agradável aproveitar um dia de sol na praia do que passar o sábado escrevendo a monografia. Mas a todo tempo nós precisamos tomar decisões e uma pequena mudança de atitude pode mudar tudo. Eu sei que você sabe disso tanto quanto eu. Então por que mesmo sabendo o que é mais importante de ser feito, continuamos procrastinando?
Nós lidamos todo dia com uma resistência, que segundo Steven Pressfield, autor do livro The War of Art, seria o “cérebro de lagarto”. Essa resistência é uma vozinha que fica na nossa cabeça dizendo pra gente desistir, pra ter cuidado, pra ir devagar, pra não correr riscos. Acalmar este cérebro de lagarto é uma constante nas nossas vidas. Mas é possível desligá-lo e de fato realizar mais.
Não há fórmula mágica para vencer a procrastinação. Essas dicas que eu vou te dar agora são coisas que eu faço no meu dia e percebo que dão resultados e me motivam a levantar do sofá e fazer o que preciso fazer.
Podemos lidar com dois tipos de procrastinação. Uma delas faz com que a gente deixe tudo pra última hora, mas mesmo assim entregue em algum momento. E essa por incrível que pareça é a procrastinação amena, ela acontece porque tem um gatilho importante no meio: um deadline. Quando não há deadline o buraco é que o problema fica maior. Sem data para acontecer, pessoas procrastinam mudanças por anos, assim como projetos, decisões de vida etc. Então, antes de mais nada, para lidar com a procrastinação com mais facilidade, é preciso estabelecer prazos. Esse elemento faz toda diferença.
Xô procrastinação!
Uma das coisas que sempre faço é falar muito dos meus projetos. Se eu colocar no Facebook que estou encaminhando um novo projeto que vai sair em Janeiro e ele não sair, com certeza isso afetará minha credibilidade. Esse estímulo social pode ser extremamente benéfico. Fale do seu projeto para os seus amigos, compartilhe seus resultados. Divida seus planos com as pessoas. Quando você faz isso o projeto fica mais real e você tem mais pique pra realizá-lo porque aquilo se torna quase um compromisso social.
Outra coisa importante é que você precisa ter um planejamento pra seguir. Aqui não tem conversa. Quando você não agenda, não coloca no papel, não estipula um prazo, não é real ainda. Parece que quando você não agenda, você não quer fazer aquilo. Você ainda não se comprometeu. Além disso, quando você não tem um planejamento, fica sempre questionando: o que eu posso fazer agora? Tem isso isso e aquilo, ah, por onde eu começo? Ahhhhh! E aí você não faz nada. O planejamento evita essa confusão. Você olha na sua agenda quais são as tarefas de hoje e simplesmente executa. É muito mais fácil assim.
E se mesmo planejando e tendo listas eu procrastinar as tarefas mais importantes?
Quando me pego fazendo coisas que não estão no topo da minha lista, recorro a procrastinação estruturada. Esta é uma estratégia para procrastinadores realizarem tarefas, mesmo que elas não seja as mais importantes da lista, mas importantes a longo prazo. A técnica foi proposta por John Perry em seu livro “A arte da procrastinação” e sugere que todos os procrastinadores adiam coisas que precisam estar fazendo, mas que a procrastinação estruturada pode funcionar a seu favor. Nem sempre o procrastinar significa que a pessoa não está fazendo nada, afinal, só faz nada quem está morto. Estamos o tempo todo fazendo alguma coisa, nem que seja fazer um sanduíche ou apontar todos os lápis da mesa. Só que o procrastinador faz coisas que não são necessariamente úteis a curto prazo ou não úteis em momento algum. Por que o procrastinador faz isso? Porque escapa do mais importante por um motivo ou outro (perfeccionismo, falta de clareza do próximo passo, falta de suporte, etc). Mas este mesmo procrastinador pode se mostrar extremamente eficiente a medida que as tarefas difíceis se encontram em um prazo apertado. Então aí vai a boa notícia: tudo bem fazer coisas não tão importantes mas que te inspirem a longo prazo e te ajudem a executar melhor. Procrastinação estruturada significa moldar suas tarefas de acordo com a importância, em projetos ativos.
Inspiração é bem diferente de distração. E a procrastinação estruturada trabalha diretamente com a inspiração. Tudo bem ficar uma hora no pinterest por exemplo se aquilo é importante para te trazer ideias para um novo projeto. É tudo questão de saber se o seu tempo está sendo gasto ou investido em algo que faz diferença na sua vida a longo prazo. Esta é a procrastinação do bem, que adiciona prazer a sua rotina, que faz com que você se sinta bem consigo mesmo até quando você não está fazendo o que é mais importante.
Agora, de tudo que faço e aprendi, acho que ser mais paciente comigo mesma é a parte mais difícil. Visualizar uma lista enorme de coisas pode ser desesperador. Mas ninguém consegue fazer uma lista enorme de uma vez, gente! Então não se preocupe com quanto falta pra terminar, apenas comece. E se parece muito grande, divida em pequenos pedacinhos alcançáveis e realistas. E seja paciente. Às vezes o perfeccionismo congela a gente. Então lembre-se sempre que feito é muito mió que perfeito, sabe por que? Porque não existe perfeito coisíssima nenhuma!
Você consegue ir muito mais além do que você imagina. Então não deixe pra amanhã o que você pode fazer hoje mesmo! Tenha um calendário, compartilhe seus projetos, lute contra resistência, seja paciente com você mesmo e simplesmente faça! Mesmo que não seja a tarefa do topo da lista. Pode ser mais fácil do que você imagina e a sensação ao terminar é recompensadora. Não será ótimo poder aproveitar o sofá e o Netflix sem culpa?
Bora botar essa resistência pra correr!